História do Circo em Forianópolis

O Circo em Florianópolis


                  Florianópolis, nos idos de 1980, já foi um pólo difusor da arte circense, quando os grandes circos de lona eram instalados - quase todos os finais de semana - no Aterro da Baía Sul e, também, em outras localidades da Ilha, seja no centro ou nos bairros , onde atualmente está o Beiramar Shopping; e onde atualmente encontra-se o Parque de Coqueiros; o aterro do antigo porto dos Hoepcke, próximo à cabeceira da ponte e à atual casa noturna Fields, entre outras localidades.

 O jornal “O Estado” de 20/07/1975 traz na capa fotos do circo Tihany que estava instalado onde hoje se situa o Parque da Luz na região central da cidade.

                   Quem nasceu ou cresceu em Florianópolis tem, em sua memória, os belos espetáculos e números circenses destes circos, que fizeram história. Todos que presenciaram esta fase tem uma lembrança positiva e nostálgica dos circos que sempre traziam novidades e grandes artistas que desafiavam seus limites, mostrando-nos o quanto podemos ir além.


Gran Circus Norte-Americano instalado na cabeceira da Ponte Hercílio Luz em 1987.Foto do acervo da Associação Amigos do Parque da Luz.

                       O período glorioso dos Circos durou até o início da década de 1990, com grande repercussão do circo nacional e, em Florianópolis não foi diferente; as plateias estavam sempre lotadas, mesmo nos circos de grande porte. Algumas famílias circenses aqui se instalaram, como a família proprietária do Le Cirque, que existe até hoje. Temos relatos da passagem de circos ainda em tempos mais remotos, no início do século XX, em Florianópolis e outros municípios de Santa Catarina, como o famoso Circo Nerino (fundado no Estado do Paraná) e de como este influenciou na criação de novas companhias circenses em Santa
Catarina. Um exemplo é o Circo Urania, fundado na primeira década do século XX em São José, por José Filomeno (um dos fundadores do Clube Recreativo 1o de Junho), com a assessoria dos Irmãos Nerino, o qual posteriormente também criou o famoso Cine York.

 Gran Circus Norte-Americano instalado na cabeceira da Ponte Hercílio Luz em 1987.Foto do acervo da Associação Amigos do Parque da Luz.


  
Porém, de meado dos anos 90 até o início os anos 2000, criou-se uma grande lacuna e o auge dos grandes circos foi massacrado pela crise financeira, pelos altos custos e taxas para a instalação dos circos nas capitais, além de polêmicas com relação aos animais no circo, bem
como o advento da tecnologia, a tv a cabo e internet e outras formas de entretenimento, que afastaram o público do Circo.


A partir de 2002, tanto a nível nacional, como em Florianópolis, começou a surgir um novo movimento do circo independente, agora com grupos pequenos e sem lona. Aqui na cidade, a retomada deu-se principalmente com artistas vindos de outros estados e até países, que
formaram grupos como o Circus Fever, Betesda Circo Escola e o Circo escola Circular Artes do Circo, proveniente da família Le Cirque, além do mágico Sandro Spigolon e posteriormente, o Circo da Mata.

              Estes grupos inicialmente realizavam apresentações de pequenos números e espetáculos, geralmente em eventos culturais e coorporativos. Desde então, o Circo começou a ganhar novamente visibilidade, tanto do público, quanto das instituições do município de Florianópolis. Também participavam de Festivais e Convenções de Circo por todo o Brasil, adquirindo experiência e trocas com artistas nacionais e internacionais. Também se organizaram criando uma Associação Catarinense de Artistas Circenses atualmente extinta por dificuldades e inexperiência de gestão dos mesmos, mas outras ações se tornaram grande sucesso na cidade como o semanal Encontro de Malabares firmado na Praça Bento Silvério, e que permaneceu ativo por cerca de quatro anos, sobrevivendo ao inverno intenso e às outras atividades de verão na praça, de maneira autônoma e livre. Na praça também aconteciam ações do Coletivo Circo Floripa que reunía todos artistas residentes para apresentações do Palco Aberto Circo Floripa e Cabaré Circo Floripa na Casa das Máquinas, sempre extremo sucesso de público.

             A união dos artistas, grupos e produtores ligados ao circo na cidade consolidou o Coletivo Circo Floripa, que realizou e participou de inúmeras ações, entre elas: Cabarés Circo Floripa em 2009 (Teatro da UFSC e Casa das Máquinas), 2010 (Dia do Circo em parceria com a Fundação Franklin Cascaes), 2011 (18o Floripa Teatro), 2012 (Maratona 
Cultural); Palcos Abertos na Praça da Lagoa da Conceição em 2010, 2011 e 2012; Encontros de Malabares; Treinos de Circo; Cortejo Dia do Circo no Projeto Território das Artes da FCFFC, entre outros projetos, ações e eventos. Em 2012, diversos grupos e artistas circenses de
Florianópolis participaram, na parte de produção, atuação, técnica e cenografia, do projeto estadual I Circuito Popular de Arte (através do Funcultural de SC), o qual circulou por 6 cidades do Estado de Santa Catarina: Imaruí, Pomerode, Içara, Lages, Rio do Sul e Tijucas, realizando Cortejo, Oficinas circenses e um grande espetáculo, com grande sucesso e reconhecimento do público e das instituições parceiras em cada cidade e representando a cidade. Este projeto foi um marco para o Circo de Florianópolis e do Estado de Santa Catarina, pois mostrou a qualidade dos grupos e deu-lhes suporte para a realização plena de sua arte.

              Também existem oficinas e cursos regulares de circo em Florianópolis em escolas e colégios renomados como o Colégio Catarinense, Sarapiquá e Tendência. As oficinas são ministradas para crianças e adolescentes e proporcionam formação em diversos aspectos do ser. As oficinas de circo social também tem fortes projetos em execução, como no caso da FUCAS (Fundação Casan) onde as crianças e adolescentes recebem atenção no contraturno escolar reforçando a formação, ocupando e oportunizando novas fontes de trabalho.

                Outro marco para o circo, foi a inclusão da categoria no Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura (2009 e 2013), da representação do circo no recente criado Conselho Municipal de Cultura e seu Edital de Apoio às Culturas de Florianópolis (2012), os quais possibilitaram o fomento aos grupos circenses da capital, com a circulação, a criação e aprimoramento de seus espetáculos. Alguns grupos e artistas chegaram a receber, desde 2010, prêmios nacionais, como o Prêmio Carequinha de Estímulo ao Circo e Artes Cênicas na Rua, ambos da Funarte, o que demonstra a qualidade e o profissionalismo alcançado pelos artistas de circo atuantes em Florianópolis. Atualmente, a Câmara Setorial de Circo, criada em 2013
e com representação atuante pleiteia ações e políticas públicas nos âmbitos municipal, estadual e nacional para fomento do circo em toda sua diversidade possibilidades, sendo formação, circulação, infra-estrutura e intercâmbio para seu crescimento.

                    Aproximadamente 55 pessoas atualmente residem e trabalham nas diversas modalidades circenses utilizando malabarismos, mágica, acrobacia aérea, palhaço, perna-de-pau, monociclo, equilíbrio, circo teatro, ensino de circo e produção cultural. Esses são os principais artistas atuantes na cidade.

Arte e Circo
CIA PÉ DE VENTO TEATRO
Circular Artes do Circo
CIRCUS FEVER
Circoloko
D&D Malabares
DALECIRCO
GiROCiRCO
Traço Cia. de Teatro
Trupe Spigolon
Sandro Spigolon
Clã dos Nobres Arteiros
ALEX DE SOUZA
CAMILA SPIGOLON
CARLA Trindade
CINTIA LOPES
Felipe Madureira
GABRIELA LEITE
JOSÉ MARTÍ
JUAN DUARTE
JULIANA FREITAS
JUNIOR PEZZATO
Lidiane Mandarine
MANOELA CLAUSEN VIEIRA
MÁRCIO BORÓ
MELINE COELHO DA COSTA
MARTIN PEREZ
MAINI NARCISO
PABLITO
RHAISA MUNIZ
TITO MANCILLA



 Texto Cristina Gadotti e Cristina Villar
Junho de 2013.

Bibliografia> Trabalho "O Circo em Florianópolis' de Beatrice Correa de Oliveira Gonçalves
  



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